Ainda que estivessem ativos em outros projetos do grupo, o Skank trabalha com o disco “Velócia”, o primeiro de canções inéditas após seis anos. Na entrevista exclusiva os mineiros falam sobre o disco novo,
momento da música no país, política, futebol e sobre os planos para o futuro.
Acompanhem na matéria
Quando o grupo de pop/rock mineiro, Skank, lançou “É uma partida de futebol”, uma de suas principais canções, eu ainda era apenas uma criança. Por ser um apaixonado por futebol, tenho essa música como marcante, sempre me pego cantarolando os trechos que parecem grudar na mente, mesmo após 20 anos.
Certamente essa experiência não é exclusiva e muita gente não se esquece de muitas outras músicas eternizadas na voz e na guitarra de Samuel Rosa acompanhado de Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria).
Mas como banda boa não vive apenas de feitos conquistados no passado, o Skank trabalha atualmente com o disco “Velocia”, de 2014, gravado após um hiato de seis anos sem álbum de músicas inéditas. Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que esse tempo representa apenas um período sem cd com músicas novas e de forma alguma representou um afastamento dos palcos. “Durante este tempo gravarmos o Ao vivo no Mineirão e lançamos o projeto SKANK91 com gravações que fizemos antes de lançar o nosso primeiro álbum”, esclarece Henrique Portugal, tecladista do grupo.
Para o disco novo de trabalho, a sensação que fica é que ele traduz de forma bem clara os anos de sucesso da banda, inclusive essa é também uma opinião dos próprios músicos, uma espécie de passagem por toda a carreira. Mas ainda que hoje essa seja a constatação, chegar a essa unânimidade não foi algo imediato, muito menos premeditado. “Na verdade nós só chegamos a esta conclusão depois que o álbum estava pronto” completa Portugal.
O álbum conta com parcerias em algumas composições entre Samuel Rosa e Nando Reis, com que a banda já possui relação de longa data, além de nomes novos, como Lucas Silveira e Emicida.
O tempo de estrada deu ao grupo a possibilidade de ter uma certa autoridade para comentar o cenário da música atualmente. ‘‘A musica mudou muito e acredito que isto afetou o pop/rock‘‘ contam.
Na visão do grupo existe um certo comodismo nas bandas de pop/rock atuais. ’’Parece que já ficam satisfeitas de serem conhecidas no bairro no na cidade’’ opina Henrique Portugal.
Mas não se esquivam de falar de outros assuntos, para eles, o momento do país faz as pessoas se interessarem mais por músicas que tem um teor mais político e que a fase do futebol brasileiro se assemelha com a política. ‘‘Ainda tem muita gente pensando mais no interesse próprio do que na maior paixão dos brasileiros’’. Acompanhem na entrevista.
Revista Tempos Modernos: O álbum Velocia, de 2014, é apontado por vocês como o que mais traduz os anos de história da banda. Como foi preparar esse trabalho?
Skank: Na verdade só chegamos a esta conclusão depois que o álbum estava pronto. Foi a consequência de fazer o álbum de forma tranquila e natural. Acabamos ampliando as nossas referencias que foram utilizadas durante a nossa carreira
RTM: O primeiro álbum foi lançado em 93 e o Velocia em 2014. O que mais mudou no “fazer música” nesse tempo?
Mudou muita coisa. A tecnologia foi alterada completamente. Mas uma coisa não mudou. A melhor forma de se gravar as musicas é ao vivo dentro do estúdio. Ensaiar bastante e gravar todos juntos. Claro que regravar e melhorar a qualidade é importante. Mas o melhor é preservar a essência da canção.
RTM: Depois de seis anos vocês voltam a lançar um álbum de músicas inéditas. Por Que esse período?
Henrique Portugal: Concordo quando você fala que foram seis anos de hiato entre álbuns de musicas inéditas mas durante este tempo gravarmos o Ao vivo no Mineirao e lançamos o projeto SKANK91 com gravações que fizemos antes de lançar o nosso primeiro álbum.
RTM: Ao que parece o Pop/Rock vive certa crise de identidade, é mais difícil atualmente classificar quem faz parte desse estilo. Por qual motivo acreditam que isso ocorra?
A musica mudou muito e acredito que isto afetou o pop/rock de forma mais acentuada. Mas eu acredito que também as novas bandas tenham pensado demais em serem alternativas e isto atrapalha muito que o grande público goste do seu trabalho. As bandas pararam de pensar em fazer musica para muita gente, parece que já ficam satisfeitas de serem conhecidas no bairro no na cidade.
RTM: A música “Multidão” fala sobre as manifestações que ocorreram no país. Acreditam que falta a classe artística se posicionar mais diante de outros temas? Sobretudo diante do momento conturbado que vivemos.
Agora que o país está em crise as pessoas voltaram a escutar musicas sobre questionamento. Isto faz parte da vida. Pra que pensar em problemas ou questionar alguma coisa quando a sua vida está ótima!?, você tem seu emprego garantido e está feliz. Não é muito coerente.
RTM: Após 24 anos de carreira, quais os planos do futuro? Pensam nos caminhos da banda para os próximos anos?
Este ano lançaremos uma versão especial do álbum O samba Poconé com varias gravações alternativas das musicas do álbum original. Versões que não saíram e também versões que só saíram fora do Brasil. Vamos fazer alguns shows tocando as musicas deste álbum tão importante para a nossa carreira que tem ‘‘Garota Nacional’’, ‘‘Tão seu’’ e ‘‘É uma partida de futebol’’.
RTM: Saindo um pouco da música, o Skank talvez seja a banda do rock nacional que mais demonstra uma paixão e esta associada ao futebol. Como analisam o momento do futebol brasileiro?
Estamos reescrevendo a nossa historia no futebol. Ficamos muito tempo parados no tempo e sentados nos títulos e vitorias do passado. Tomamos um susto e temos que nos movimentar. Mas ainda tem muita gente pensando mais no interesse próprio do que na maior paixão dos brasileiros. Basta ver o que está acontecendo com a política. As duas situações são bem parecidas.
RTM: Por fim, deixem um recado para os leitores e fãs de vocês, da Revista Tempos Modernos.
Podem esperar coisas novas. Estamos felizes com o resultado do álbum Velocia e esperamos mostrar novidades em breve.
