Por: Handerson Faria
Por muitas vezes classificado como “frescura”, fraqueza ou simplesmente falta do que fazer, transtornos psicológicos como ansiedade e depressão hoje em dia já fazem parte do cotidiano de muitas pessoas no mundo todo. Não é preciso nem dizer que esses transtornos passam muito longe de ser algo banal, como antigamente, influenciado por falta de informação e preconceito algumas pessoas faziam esse tipo de julgamento.
E não é por acaso que a ansiedade é tratada como o mal do milênio. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em dados divulgados recentemente, o Brasil é o país campeão no ranking de pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade. Em números isso quer dizer que em 2015, 18,6 milhões de brasileiros apresentaram alguma forma de transtorno de ansiedade.
Quando se fala em depressão os dados são igualmente alarmantes, segundo os mesmos dados da OMS, a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, só no Brasil 5,8% da população sofre com ela, o que representa 11,5 milhões de brasileiros, é muita gente. Esses números tornam o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.
Por dados como esses que a cada dia as pessoas devem ficar mais atentas aos sinais, levar a sério qualquer indício de ansiedade ou depressão e buscar ajuda profissional.
Mas de fato, o que é Ansiedade?
É fato que ainda existe muita dúvida sobre ansiedade, algumas pessoas tendem às vezes a confundir seus sentimentos e acabam certas que sofrem de ansiedade ou depressão, já outras renegam qualquer indício que aponta que ela é uma pessoa ansiosa. Mas, sendo assim fica a pergunta, o que é Ansiedade?
Para entendermos melhor todo esse processo, conversamos com a psicóloga Dra. Patrícia Soares – CRP 105543, para chegar à definição. “A ansiedade é uma resposta de defesa. Podemos classificar como sendo ansiedade toda forma de agonia, aflição, impaciência, mal-estar físico e psíquico como suores, taquicardia e tremores sem causa fisiológica, sempre sendo eles em excesso; porém tudo isso é muito maior do que se imagina. A pessoa ansiosa pode ter diversos tipos de comportamento, cada pessoa reage de uma forma dependendo do tempo e do grau de ansiedade que ela se encontra, isto é, se já está ou não em um grau de ansiedade generalizada.” Explica a Dra. Patrícia.
Ainda segundo a Dra. Patrícia existem dois graus de ansiedade, a generalizada e a normal. A chamada de generalizada é o tipo mais preocupante, ela se caracteriza quando o paciente apresenta sintomas a mais de quatro meses, ocasionando problemas que em um primeiro momento podem parecer fisiológicos, como por exemplo, taquicardia, sensação de morte, sensação de que irá enfartar ou ter um AVC, tremores pelo corpo, sensação de formigamento, medo excessivo, não quer mais sair de casa, não quer ter convívio social, TOC, etc.
A conhecida como normal, como o próprio nome diz, não é responsável por grandes preocupações. “Ansiedade no seu nível normal faz parte do cotidiano do ser humano, é aquela que não traz danos de nenhuma forma e nenhum tamanho a pessoa” conclui a Dra. Patrícia.
Em um mundo onde as preocupações são quase que constantes, o stress do trabalho e a correria do dia a dia para realizar as tarefas necessárias, não é de se admirar que a ansiedade seja considerada o mal do século.
E é exatamente esse tipo de situação, acompanhada de algumas outras, tais como stress pós-traumático, abuso físico ou emocional, medo e nervosismo que fazem o problema aparecer. A psicóloga, entretanto, aponta que não apenas adultos podem sofrer de ansiedade. “Devemos lembrar também, que a ansiedade ocorre em qualquer idade e hoje em dia está afetando crianças cada vez menores e o quanto antes os pais buscarem tratamento para essas crianças menos trabalho terão com elas futuramente”.
Mas um dos aspectos mais importantes que se deve sempre destacar é que é possível tratar transtornos de ansiedade, ela tem cura. Porém, é essencial que o paciente siga com o tratamento, o que pela experiência da Dra. Patrícia Soares, em muitos casos não é o que acontece. “A ansiedade como sendo um transtorno, na maioria dos casos tem cura sim, bem porque não é uma causa genética. Mas o alivio dos sintomas não pode ser considerado como cura, como por muitas vezes é considerado pelo próprio paciente, que sendo assim abandona o tratamento” conta Patrícia.
E quando se fala em tratamento é necessário sempre um profissional qualificado, com quem o paciente se sinta confortável, e isso pode não acontecer de imediato. Buscar um profissional capacitado passa muito pelo tratamento que será por ele desenvolvido. “No primeiro momento temos que buscar o diagnóstico correto, que muitas vezes é confundido pelo próprio paciente como sendo depressão ou crises de pânico. Esse diagnóstico vem com uma pesquisa um pouco mais aprofundada sobre a história de vida do paciente, contada por ele mesmo e muito bem conduzida por seu psicólogo” diz a Dra.
A respeito de Ansiedade e Depressão, uma coisa não está ligada a outra, existe a confusão pelo fato dos sintomas serem parecidos, mas um transtorno é diferente do outro. ‘‘É muito comum o paciente chegar no consultório e falar que está com depressão ou crises de pânico e ser apenas ansiedade, isso se dá pelos sintomas serem parecidos. É importante falar também que quando a ansiedade vem junto com a depressão o índice de suicídio é bem maior’’ conclui Patrícia.
Em alguns casos o tratamento é complementado pelo uso de algum tipo de medicamento.
Os especialistas indicam que o uso de remédios ansiolíticos ou antidepressivos é recomendado para auxiliar o paciente no tratamento psicoterapêutico e só pode ser receitado pelo médico, quando o paciente está em um estado de ansiedade chamado de generalizado (TAG).
Em linhas gerais o que se pode apontar sobre o tema é que ele acaba sendo pessoal e cada pessoa pode reagir de uma forma a ansiedade, mas ela é completamente tratável, não se desespere, procure um profissional qualificado e viva feliz e de forma sempre positiva.