Você pode até não imaginar mas o nadador norte-americano Michael Phleps pode nos ensinar muita coisa sobre como vencer obstáculos para ter sucesso na carreira profissional e também na vida pessoal. O atleta, um dos maiores de todos os tempos, venceu a depressão, decepções,  relação conturbada com o pai, e convive com um tipo de déficit de atenção,  fatores que não foram suficientes para que ele perdesse o foco, a motivação e a vontade de vencer.

Lições de um campeão!

Ele é o maior atleta olímpico da história, ostenta a incrível marca de ter conquistado vinte e duas medalhas em quatro olimpíadas que disputou, destas, dezoito são de ouro, recorde absoluto. Recentemente conquistou outro feito de destaque, se classificou para os jogos Rio-2016 e se tornou o primeiro atleta dos Estados Unidos, a maior potência do esporte olímpico, a participar de cinco competições.

Ao que tudo indica o último ato de uma carreira brilhante.

O dono dessas marcas impressionantes é uma verdadeira lenda e tem nome e sobrenome, o norte-americano Michael Phelps. O atleta de 31 anos é aquele tipo que se dedica para sua profissão e por isso colhe frutos tão impressionantes. Claro que a genética também o favoreceu, seu corpo é considerado por especialistas, perfeito para a natação. De altura, Phelps tem 1,92m e tem envergadura dos braços que chega até 2,01m.

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Sempre foi um prodígio, disputou sua primeira olimpíada aos 15 anos e de lá pra cá são 37 recordes mundiais quebrados, por enquanto.

O atleta é um verdadeiro “boa praça” e extremamente carismático, nem mesmo os problemas na vida pessoal abalaram essa imagem.

Recentemente visitou um projeto social na Rocinha, comunidade do Rio, deu aula de natação para as crianças interagiu e deu um recado. ‘‘Ter um sonho e ser capaz de correr atrás dele é algo que todas as pessoas precisam. Essas crianças têm a oportunidade de frequentar esses centros, interagir com outras crianças e fazer tudo isso com um sorriso no rosto. Isso é muito importante. Todo mundo tem um objetivo a atingir, e devem correr atrás dele’’ disse Phelps durante a visita.

O que as pessoas talvez não saibam é que Phelps é portador de TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, uma condição que se caracteriza, como fator principal, por afetar a capacidade de concentração e atenção dos portadores. Essa doença poderia ser sem sombra de dúvida um fator determinante de forma negativa em sua carreira, uma vez que ela afeta naquilo que um nadador mais precisa ter: foco e atenção.

Diagnosticado ainda na infância com a doença, Phelps alia disciplina, dedicação e força de vontade, elementos que o ajudam a superar o problema a cada competição e seguir vencendo. Essas são apenas algumas de suas características e que são determinantes para seu sucesso, segundo a psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Coaching, Priscila Asimoto, que estudou o perfil do campeão. “Não se trata apenas de talento. Phelps usou suas melhores características a seu favor e foi aprimorando as habilidades com o tempo com muita dedicação e disciplina”, explica ela.

Porém, nos últimos anos, o nadador foi obrigado a superar outro grave problema. Após anunciar a aposentadoria em 2012, Phelps teve que vencer a depressão e pensamentos sombrios como suicídio. “Eu estava em lugar muito escuro. Não queria viver mais”, declarou Phelps em entrevista à revista Sports Ilustrated.

Era muita pressão nas costas do atleta, muitas expectativas, os olhares do mundo sob sua imagem. A aposentadoria precoce em 2012 deu a Phelps tudo o que qualquer jovem quer, liberdade. Provavelmente foi essa liberdade a faísca que poderia detonar a bomba relógio que ele era, como o próprio se denominava.

Fama, dinheiro, poder, tudo isso fez o então ex-nadador se deslumbrar. Os amigos, festas, jogos e alcool agora tomavam o lugar que antes eram dos treinamentos pesados. “Eu não queria nada mais com o esporte, estava cheio, farto” 

Foi detido dirigindo embriagado em setembro de 2015, se declarou culpado, o que o possibilitou cumprir a pena em liberdade. Passou 45 dias internado em uma clínica de reabilitação. Desde então não deixou de comparecer a nenhum treinamento.

1412517879000-USATSI-7964769Entretanto o período até a recuperação não foi dos mais fáceis, seus conflitos internos o acompanham desde que era criança. Se por um lado o déficit de atenção era presente desde a infância, por outro, uma figura que seria primordial em sua vida não estava lá, seu pai, Fred Phelps. O campeão nunca aceitou o divórcio de seus pais, quando ele tinha nove anos de idade, viu aquilo como um abandono por parte do pai, a relação foi inexistente durante toda a adolescência e fase adulta de Phelps e só seria retomada anos mais tarde.

Era algo que tanto fazia falta ao nadador que ele encontrou em seu treinador Bob Bowman a figura paterna que precisava. Além do treinador, o amigo de longa data em Baltimore,  Ray Lewis, foi determinante para que Phelps entendesse que seus problemas eram de certa forma “pequenos” perto dos de outras pessoas e que só dependia dele a volta por cima.

Recuperou-se da depressão, conseguiu superar o problema do alcoolismo e retomou a forma e carreira, para ao que tudo indica, encerrá-la por cima nos Jogos Olímpicos Rio-2016.

Esse tipo de situação não é muito diferente da que muita gente passa, o campeão olímpico mostra que ter foco, força de vontade e superação faz muito à diferença. São características comuns em pessoas que conseguem desenvolver uma grande habilidade de reação, mesmo nos momentos mais adversos.

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São nesses fundamentos, na forma como o atleta lida com seus problemas que se podem tirar as lições. Na avaliação de Priscila, os conceitos que as pessoas que passam por algum problema ou precisam buscar aquilo que tem de melhor para crescer, tanto pessoal quanto profissionalmente, são os mesmos que o nadador utiliza como estratégia.

Entre eles estão uma autoconfiança que o atleta demonstra e principalmente saber aonde quer chegar, uma visão definida de seus objetivos. Após o estudo feito sobre a personalidade de Phleps, a psicóloga identificou três elementos cruciais em sua postura e que podem ser usados por qualquer pessoa, em praticamente todas as situações da vida.

DISCIPLINA: ‘‘Phelps revela uma personalidade extremamente resiliente, focada e de superação. Em situações de crise, cada um deve buscar aquilo que tem de melhor, no caso dele é nadar mas cada um deve encontrar esse elemento. Ele organiza e usa ferramentas para alcançar a meta traçada: a disciplina com horários regrados, a rotina de uma boa noite de sono, o pensamento positivo de que o almejado aconteceria, tem muita garra e otimismo para obter os resultados’’.

MOTIVAÇÃO: ‘‘Phelps tinha motivos pra desistir, a TDAH, tira elementos que para um nadador são essenciais, ele reverteu a sua condição em mais uma razão para se dedicar exaustivamente aos treinos. Não é apenas de disciplina, mas o negócio é encontrar um motivo para realizar a mesma tarefa todos os dias, sem perder o entusiasmo. Nem mesmo o fato de ter ficado estes últimos anos todos afastado de torneios o fez deixar a atividade de lado’’

alx_esporte-michael-phelps-20160630-001_originalPAIXÃO: Ainda que não fosse um apaixonado por esporte, a piscina foi o lugar onde Phelps, aos sete anos encontrou sua paixão além de ter sido uma saída que o ajudou a enfrentar o descontrole comportamental que causava problemas na escola. Para Priscila, ter identificado essa paixão é que fez a diferença pra ele e pode fazer para qualquer um. ‘‘Tudo o que você precisa é descobrir qual é a sua paixão, aquilo que te dá prazer realizar todos os dias. Esta será a sua motivação e, naturalmente, você vai se dedicar a fazer todas as tarefas necessárias para cuidar dessa atividade com prazer. Descubra o que você ama e irá longe’’, finaliza a psicóloga.

Assim que saiu da reabilitação, no fim de 2015, pediu a mão da então namorada Nicole Jhonson em casamento. E em 5 de maio de 2016, o casal tinha o primeiro filho. Fator que com certeza motiva ainda mais o atleta a seguir fazendo história e a escrever seu nome no hall das lendas do esporte. Força o bastante pra isso, Michael Phelps já mostrou que possui de sobra.

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