A Bichectomia, mais conhecida como cirurgia de redução de bochechas, apesar de simples não é recomendada para todos. Saiba tudo sobre a técnica
Por: Handerson Faria
Quem em algum momento da vida não se sentiu desconfortável com algum aspecto de sua aparência? Provavelmente todos nós já passamos por esse tipo de situação, não é mesmo!? Buscar soluções para esse tipo de descontentamento através de cirurgia plástica não chega a ser nenhuma novidade.
Nos últimos anos vem crescendo em número de adeptos, principalmente entre as mulheres, um tipo de cirurgia que ainda levanta muitas dúvidas na cabeça das pessoas, a cirurgia de redução das bochechas, também conhecida como Bichectomia.
Angelina Jolie é uma das artistas que recorreram a bichectomia.Impulsionados pelo número elevado de artistas que fizeram uso dessa técnica, pessoas “comuns” começam a embarcar nessa onda. O grande problema é que por muitas vezes fatores como desinformação e principalmente preço podem acabar levando a situações desagradáveis.
Primeiramente, é importante deixar claro que o procedimento, quando realizado por profissionais qualificados, é bem simples, dura em média 40 minutos e em poucos dias a pessoa já está completamente recuperada.
De acordo com especialistas, a cirurgia é bem rápida, é feito um pequeno corte, de aproximadamente meio centímetro na parte interna da bochecha, uma região conhecida como bolsa de bichat de onde é retirado, o excesso de gordura no local, deixando como consequência o rosto do paciente mais fino.
Mas é exatamente nesse ponto, que a coisa começa a ficar mais complicada. Por mais que algumas pessoas possam achar lindo um rosto mais fino e sonhem com esse tipo de aparência para si, o procedimento não é indicado para todos, podendo trazer algumas consequências bem desagradáveis caso feita sem um detalhado diagnóstico.
Para explicar melhor essa parte, nós ouvimos o Dr Luís Henrique Ishida, Presidente da Sociedade brasileira de Cirurgia Plástica- Regional SP, que entre outros esclarecimentos, tem uma postura bem clara sobre a bichectomia e quem está apto a realiza-la.
É muito comum atualmente vermos cirurgiões dentistas realizando a bichectomia e ainda que alguns de fato a realizem de forma adequada, sobre essa questão do Dr. Ishida isso não é o mais adequado. “No meu ponto de vista, a cirurgia compete ao cirurgião plástico, que tem uma formação mais específica para identificar quando a cirurgia é indicada”, explica.
E sobre essa questão Dr. Ishida é taxativo, sua postura “busca apenas preservar a saúde do paciente” como ele deixa bem claro, refutando qualquer tipo de corporativismo.
Na visão do médico, muitos dentistas tem adotado uma postura mais comercial e realizado a cirurgia em pessoas onde existem contraindicações para o procedimento. “O problema maior é a indicação, muitas vezes o dentista faz a operação em quem não precisa e identificar quem tem indicação e quem não tem que é muito complicado.”
Dr Luis Henrique Ishida,
Presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica- Regional SP.
Revista Tempos Modernos: Como é a cirurgia de Bichectomia, também conhecida como redução de bochechas?
Dr Luís Henrique Ishida: O procedimento da retirada da abertura de bichat é relativamente simples, é uma cirurgia ótima, tranquila assim como o pós-operatório e o resultado é muito bom. É uma gordura que quando se tem indicação é um procedimento importante no ganho de beleza e tem um efeito bastante positivo. Geralmente é feita com anestesia local, na minha técnica cirúrgica eu faço um corte por dentro da boca, na parte interna das bochechas de meio centímetro, bem pequeno, através desse corte eu tiro parte dessa gordura, dou um ponto único de cada lado. O procedimento dura por volta de 40 minutos e a pessoa vai embora no mesmo dia, não tem curativo, não dói e o resultado se vê rapidamente.
Revista Tempos Modernos: Bichectomia é uma cirurgia que qualquer pessoa pode fazer?
Dr Luís Henrique Ishida: Não, a cirurgia não é indicada para todo tipo de paciente. Embora todo mundo tenha essa gordura na bochecha, conhecida como gordura de bichat, não são todos que podem ser beneficiadas com a retirada dessa gordura e aí que está o problema, a indicação, um exemplo, a pessoa é magra, tem o rosto normal e quer fazer a bichectomia para ficar com o rosto mais fino, nessa pessoa a cirurgia não pode ser feita, no momento que ela fizer pode até atingir o objetivo dela, mas quando ela for mais velha a tendência do rosto é ficar curvado demais, ou paciente que tem sobrepeso e faz a cirurgia por achar que o rosto mais fino vai parecer mais magra, ai tudo bem, mas no momento em que ela emagrecer o rosto vai ficar magro demais. Esses são alguns casos.
Revista Tempos Modernos: Quem de fato esta apto a realiza-la, o cirurgião plástico ou o cirurgião dentista?
Dr Luís Henrique Ishida: No meu ponto de vista, a cirurgia compete ao cirurgião plástico, que tem uma formação mais específica para identificar quando a cirurgia é indicada. E afirmo que essa postura não tem nada de corporativismo, o objetivo é sim em garantir a saúde do paciente. E isso não tem nada a ver sobre o procedimento em si, sobre o dentista fazer errado, nada disso, o maior problema é a indicação, muitas vezes vemos dentista fazendo o procedimento em quem não tem necessidade de fazê-lo, o cirurgião plástico tem uma formação básica que se baseia em alguns princípios, entre eles a proporcionalidade, identificar em quem é indicado, por isso eu não considero adequado um dentista realizar esse procedimento.
Revista Tempos Modernos: Por quais motivos então muitos dentistas seguem realizando essa cirurgia e as pessoas procuram esses profissionais?
Dr Luís Henrique Ishida: Basicamente, marketing e custo. O custo deles é muito mais barato. E o marketing, o código de ética da odontologia é completamente diferente do código de ética médico. Se abrir uma propaganda de bichetomia na internet, você vai ver vários antes e depois de dentistas e nenhum de cirurgião plástico, porque o cirurgião não pode colocar, isso é marketing, essa é a diferença entre os códigos de ética.
Revista Tempos Modernos: E quais os riscos dessa cirurgia, principalmente em paciente que não são indicados?
Dr Luís Henrique Ishida: O principal risco e mais frequente realmente está relacionado a uma má indicação, você fazer e não ter um ganho estético e sim um prejuízo. O mais grave é a paralisia facial, a gordura de bichat passa do lado do nervo facial, se houver o corte desse nervo a pessoa fica com paralisia facial, ela vai mexer, sorrir de um lado do rosto e do outro não, isso é um prejuízo estético terrível. Em alguns casos os movimentos podem voltar um pouco e em outros nada, vai depender muito do tipo de lesão, uma completa, normal nunca mais vai ficar e um terceiro caso é uma lesão de glândula salivar, conhecida como parótida, a maior glândula salivar do nosso corpo, ela produz uma quantidade muito grande de saliva, ela não tendo pra onde escoar ela fica acumulando dentro da bochecha, que vai crescendo e chega a ficar em tamanhos bem grandes, e isso pode levar a uma infecção secundária, dor, etc. Mas esses tipos de riscos não são frequentes.
