O ex-jogador e agora senador Romário, lança seu primeiro livro e reúne diversos fãs para receber o autografo do ídolo
Era tarde do dia 19 de julho de 1994, quando na pista do aeroporto internacional de Brasília aponta um avião vindo dos Estados Unidos. Ao longe é possível ver a figura de um homem, contrariando inúmeras regras de segurança, mas que naquele dia, naquele ano, ninguém ousaria repreende-lo por isso, com metade do corpo para fora na janela da cabine da aeronave, camisa social azul, uma medalha no pescoço, braços abertos e uma bandeira do Brasil em sua mão esquerda.
Esse homem era Romário Faria, junto a ele no avião estava a delegação da seleção brasileira de futebol, que acabava de conquistar o tetra campeonato da Copa do Mundo, realizada em solo norte-americano. Porém, por mais que futebol seja um esporte coletivo, ninguém naquela aeronave tinha tanto prestígio quanto Romário, mas ninguém sequer ousava postular o pedestal no qual o atacante estava alçado.
O gesto de Romário em segurar a bandeira do Brasil é um grande simbolismo, pois naquele momento, aos 28 anos de idade, de fato, o então jogador tinha o país em suas mãos. Ele era o homem mais amado, idolatrado e admirado por todos por ser o grande protagonista da conquista do título, que não era conquistado pela seleção brasileira havia 24 anos, o ídolo no esporte que o país necessitava enquanto ainda chorava a perda de Ayrton Senna, morto naquele mesmo ano.
É esse mesmo homem, que após 23 anos, agora eleito senador com o maior número de votos da história do Rio de Janeiro, lançou seu primeiro livro, “Um Olho na Bola, Outro no Cartola”, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São Paulo.
E podem acreditar isso não é pouca coisa. Representante de uma classe que em sua maioria sequer consegue terminar o ensino médio, ainda soa estranho um ex-jogador se transformar em um político de grande representatividade e ativo em suas funções e agora também escritor.
A imprensa já mantinha suas câmeras ligadas, o público já se acotovelava em busca do melhor lugar quando passado um pouco das 19:00 de uma quinta-feira, 21 de setembro, quando Romário aparece em uma livraria lotada, com ares de estádio de futebol. São centenas de adultos, trajando camisas de futebol, que mais pareciam crianças ao ver o ídolo, e todos com o livro firme, tal qual um filho em suas mãos, devidamente pronto para ser autografado pelo senador.
O livro é sobre a corrupção que impera no meio do do esporte mais popular do Brasil, sobretudo na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) mostrando os bastidores da CPI do Futebol, liderada pelo senador, que tornou público todo tipo de falcatrua e enriquecimento ilícito dos dirigentes ao longo dos anos.
Ao lado do jornalista esportivo Juca Kfouri, autor do prefácio do livro, Romário bateu um papo, respondeu perguntas, explicou sobre seu ingresso na carreira política, motivada pelo nascimento de sua filha Ivy, de 12 anos, portadora de síndrome de down, falou sobre futebol, bastidores da sua época de jogador, política, governo Temer e muitos outros assuntos.
Apesar dos cabelos brancos e uma postura muito mais polida do que aquela famosa “marra” da época de jogador, os gestos e a forma pausada de falar ainda são os mesmos, assim como as declarações sempre afiadas de quem tem total noção de sua importância.
Quando perguntado se a seleção conquistaria o título em 1994 caso ele não estivesse presente, a resposta veio de forma direta e objetiva. “Não, sem mim não seríamos campeões”, o que levou o público ao delírio e palmas e gritos foram entoados, comprovando que cada um presente ali concorda com essa opinião.
Por fim, Romário autografou e tirou fotos com cada um dos presentes que se aglomeraram em uma enorme fila que se formou rapidamente e tomava dois pisos da livraria.
Uma noite dos sonhos para quem é fã de futebol e principalmente do ex-jogador e se acostumou com os gols de Romário, mas que agora se contenta em ler seu livro e acompanhar sua carreira política.
Porém quem é Rei jamais perde a majestade, como o próprio “baixinho”, apelido dos tempos de jogador, sempre gostou de dizer, mas que agora a carreira política o impede de tais declarações, mas isso pouco importa, certamente cada presente ali, inclusive eu, sabe bem o que aquele homem representa.
Texto originalmente postado no O Outro Lado da Raposa
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