Espiritualidade, política e sucesso entram em atrito quase que sempre. Essa era a conclusão de Gervásio quando criou seu perfil no Facebook depois de relutar muito, pois nos seus sessenta e tantos anos de vida, isso não faria muita diferença. Era o que ele pensava, mas em outro sentido.
Gervásio fez sua primeira postagem elogiando o presidente americano Donald Trump, porque em sua concepção, e claro, dentro do seu direito de opinar, o idealizador de “O Aprendiz”, é um homem admirável por criar uma história de sucesso e chegar ao comando do país mais poderoso do mundo. Pobre Gervásio, mal sabia ele que seu post iria viralizar, mas de uma forma negativa.
“Trump é a besta do Apocalipse”
“Quem admira Donald Trump tem que ser expulso do Brasil”
“Fora Trump”
Esses eram alguns dos comentários em sua postagem. Mas ele não quis entrar em atrito com ninguém e resolveu elogiar outra celebridade. Dessa vez um brasileiro, o Paulo Coelho. Para ele e milhões de pessoas no mundo todo, Paulo Coelho é um escritor excepcional e pensava que agora ninguém fosse detonar sua postagem. Ledo engano, pobre Gervásio.
“Paulo Coelho fez pacto com o diabo”
“Paulo Coelho não escreve direito. Não é intelectual”
Esses foram alguns dos comentários, mas ele ainda preferiu não contestar e muito menos defender seus ídolos. Mudou radicalmente, agora nada de político, nada de escritor espiritualista, esotérico. Resolveu postar algo sobre Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, que na sua humilde opinião, é uma pessoa admirável que não chegou onde está por acaso. Mais uma vez, ele não teve sorte.
“Edir Macedo pega dinheiro dos fiéis”
“Edir Macedo só prega sobre sucesso e prosperidade e não tem nada de cristão”
Gervásio não entendia aquelas manifestações de ódio. Ele resolveu elogiar o Papa.
“O Papa é muito moderno”, “O Papa é pop”
Não agradou. Pelo menos nesse caso ninguém se queixaria ao papa.
Todas as pessoas de sucesso que ele elogiava em suas postagens no Facebook, independente de suas áreas, eram odiadas.
Ele então resolveu criar uma resposta padrão para todos os comentários, pois não iria parar de fazer suas postagens sobre as pessoas que admirava só porque os amigos do “Face” não gostavam. Ele colava a seguinte pergunta a cada comentário odioso recebido:
“Por que você odeia quem faz sucesso?”
