Famoso por seus enormes murais tridimensionais e repletos de cores,
o artista EDUARDO KOBRA leva seu trabalho ao mundo inteiro e impressiona quem passa
por suas obras, como o mural “A Lenda do Brasil” do piloto Ayrton Senna,
de 41×17,5 metros na rua da Consolação, em São Paulo.
Se impressionar com grafites em grandes cidades, onde as pessoas quase sempre passam apressadas e sem tempo para apreciar o que a cidade tem de belo é algo normal. Mas quando se fala nos enormes e incríveis murais do artista paulista Eduardo Kobra isso se torna uma tarefa bem normal.
Ricas em cores e tridimensionais as pinturas do artista de fato chamam a atenção e fazem as pessoas dedicarem alguns minutos olhando para as figuras retratadas por ele.
E se você vive em São Paulo ou passa pela cidade é quase certo que já tenha cruzado com algumas de suas obras, uma vez que estão espalhadas por diversos pontos da cidade e são impossíveis de não serem notadas.
Considerado o expoente de um movimento chamado de Neovanguarda Paulista, Kobra estampa sua pintura em São Paulo e em diversos países, seu trabalho não é exclusividade do Brasil. Extremamente requisitado, o artista é frequentemente convidado para levar sua arte ao exterior. Em agosto esteve em Cincinnati, nos EUA, onde pintou um mural sobre o astronauta Neil Armstrong (falecido em agosto de 2012, em Cincinnati).
Quem teve a oportunidade de visitar o Rio de Janeiro durante os jogos olímpicos e acompanhar as competições com certeza se surpreendeu com algo mais, além dos atletas e das disputas esportivas. Isso porque lá está pintado um mural de cerca de três mil metros quadrados no Boulevard Olímpico, sobre etnias. O Mural “Todos Somos Um” de autoria de Eduardo Kobra. Na pintura estão representados os cinco continentes.
Cada trabalho é de certa forma exaustivo, como não poderia deixar de ser. Para o do Rio, por exemplo, antes de Kobra iniciar a pintura sua equipe passou um mês na cidade preparando a superfície, tapando os buracos e pintando o muro de branco. Recentemente o mural foi reconhecido pelo Guiness Book (livro dos recordes) como o maior do mundo. Seus números são impressionantes, 15 metros de altura e 170 metros de largura.
A verdade é que Kobra representa um movimento interessante de ser notado, a arte de rua. Durante muito tempo marginalizada, hoje é extremamente bem vista e até mesmo incentivada por diversas prefeituras. ‘‘Recebo convites de prefeituras, governos, galerias, instituições, organizações ligadas a revitalização de espaços, uma parte interessante sobre esses convites é que eles começaram a surgir em1994, e nunca mais pararam, desde então, a novidade é ser chamado para pintar nos 05 continentes, cerca de 150 convites mensais.’’ diz Kobra em entrevista a Revista Tempos Modernos.
Se prefeituras e grandes galerias hoje reconhecem esse tipo de arte é de certa forma o resultado da própria população enxergar de outro modo a arte de rua. ‘‘Hoje as pessoas estão totalmente abertas, mesmo porque qualquer tipo de preconceito é falta de conhecimento, as ruas estão repletas de talentos, colorindo nossas vidas e melhorando o dia a dia das cidades e dos cidadãos’’ explica o artista.
Porém é inegável que a resistência que parte da sociedade tinha em relação ao grafite vinha da má fama dos pichadores. Já tendo sido pichador quando adolescente, Kobra acredita que a transição foi mais simples para ele. ‘‘Não poderia falar mal, porque durante vários anos fui pichador, isso dos 12 anos até os 17, no meu caso foi mais fácil com grafites e murais, porque já tinha aptidão por desenhos, acredito se tratar de uma opção pessoal, todos envolvidos sabem do risco que correm, então esse se torna o diferencial da pichação.’’ opina.
Proteger o trabalho nem sempre é possível e infelizmente em algumas situações trabalhos incríveis e históricos são apagados.
O artista explica que grafites ainda são ilegais e por isso preservá-los não é garantido, o que não acontece com os Murais, esses autorizados pelas prefeituras e proprietários. ‘‘Particularmente tenho mais problemas com novos proprietários, por desconhecer ou simplesmente não valorizar apagam os muros. Atualmente tive um caso de um mural que fiz em Nova York, que ficou entre os 10 lugares mais fotografados da cidade e foi apagado pelo proprietário, descobri que ele havia recebido uma notificação da prefeitura sobre tombamento do prédio por causa do mural, então ele não pensou duas vezes e pintou tudo de branco, as vezes o dinheiro fala mais alto.’’
Kobra diz que viver da arte ainda é difícil, mas ainda assim não deixa de incentivar os jovens a correrem atrás dos sonhos. ‘‘Sempre incentivo jovens a acreditar nos seus sonhos, se houver dedicação, vai acontecer em algum momento, manter a vida com a arte e algo muito delicado, assim como em outras carreiras, depende de uma vida de força de vontade e não se iludir com a história de artistas boêmios, envolvidos com bebidas e drogas, isso nunca da certo.’’, conclui.
Após 28 anos de pintura, Kobra garante que o momento é sem dúvida o melhor. ‘‘Passei por todas as mudanças que arte de rua obteve, atualmente acho que estamos vivendo a melhor fase, a arte de rua sem dúvida nenhuma é o principal movimento artístico da nossa geração.’’ acrescenta. A beleza de seus trabalhos não deixa dúvidas.