E quando o casamento já não está legal e a separação parece o melhor caminho, como ficam os filhos. Como deve ser a conversa com as crianças para explicar que a partir daquele momento a família já não sera como antes
Durante muito tempo o sonho de muita gente era casar. As pessoas entravam em um relacionamento e não geralmente não demorava muito para começarem a fazer muitos planos sobre a vida de casado. Aparentemente isso não existe mais, ou pelo menos mudou a forma como as pessoas enxergam o casamento.
Por vários anos o número de divórcios no Brasil sofria uma acentuada elevação ano a ano. Em 2015, o número até sofreu uma leve queda em relação ao ano anterior, porém segue com alto índice, principalmente se pensarmos na forma como era na época de nossos avós, por exemplo.
De acordo com dados do CNB/SP (Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo ) em 2015 a queda foi de cerca 4,7% em comparação a 2014.
A pesquisa da entidade constata que no ano passado, foram cerca de 58.340 divórcios extrajudiciais no país. E São Paulo puxou a fila de separações de casais, foram 17.110, enquanto Acre e Roraima fecham a lista, com 41 e 58 divórcios, respectivamente.
Mas quando falamos em divórcio, existe um fator complicador, e que por muitas vezes tira o sono do casal, fazendo-os pensar muito sobre o assunto. Como ficam os filhos, principalmente as crianças durante todo esse processo? Que pode ser muito doloroso para todos os envolvidos.
Para que as crianças não sofram tanto é essencial muito diálogo.
A preocupação é completamente justificável, a separação pode impactar de diversas formas no comportamento da criança, muitas vezes negativamente. Isso é algo muito comum na visão de especialistas em assuntos de comportamentais e familiares. De acordo com a professora Ceneide M. de Oliveira Cerveny, Dra. em Psicologia Clínica – Especialista Em Relações Familiares, a criança pode apresentar alterações em seu comportamento além de desenvolver situações com o objetivo de unir os pais, evitando assim o divórcio. “Antes mesmo da separação as crianças quando percebem algo estranho no relacionamento dos pais, podem ficar mais dependentes, mais agressivas ou mesmo somatizar para tentar mostrar aos pais que elas precisam deles juntos. é a manobra de tentar “colar” os pais”, explica a Dra. Ceneide.
Por isso é necessário que os pais estejam sempre atentos em qualquer alteração na criança. Problemas na escola ou quando o filho começa a se tornar mais introspectivo são indicativos que ela já começa a perceber que algo não está bem no casamento dos pais.
Quando chega o momento de dar a notícia, após os pais tentarem o possível para manter o relacionamento, o ideal é que haja muita conversa e principalmente sinceridade. Para a Dra. Ceneide, caso os filhos já tenham capacidade para entender essa situação, eles devem deixar claro que a separação só esta ocorrendo porque não são mais felizes na relação, porém sempre deixando claro que no momento do nascimento do filhos existia sim muito amor, e que sempre existirá um sentimento de extrema felicidade por serem seus pais, deixando claro que ela nada tem a ver com o fim do casamento deles.
É claro que ninguém deve se manter em uma relação onde não existe mais amor, respeito e felicidade, mas os pais devem saber que a separação pode ter sim, impactos a longo prazo na vida dos filhos.
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, apontou que em alguns casos, a separação dos pais pode tornar as crianças em jovens mais suscetíveis a problemas relacionados a tabagismo e depressão. A pesquisa fez um mapeamento em adolescentes em diferentes fases da vida.
Fizeram parte do estudo 7.607 jovens, homens e mulheres com idades entre 15 e 18 anos que sofriam com algum desses problemas. Quando os adolescentes chegaram a fase adulta, dos 27 a 32 anos, 4.757 ainda permaneciam com os mesmo problemas, todos esse tinham pais separados.
Fique atento ao comportamento das crianças e saiba quando se deve procurar ajuda profissional
Evidentemente não se pode associar toda separação a problemas de saúde para os filhos, e nem que o divórcio sempre irá ser prejudicial para a criança. Além de que em muitos casos, o fim do casamento pode sim ser bom para elas. “Muitas vezes a criança fica melhor sem assistir as brigas constantes dos pais, inclusive pensando que pode ser a causadora dessas brigas. Para a saúde mental de qualquer ser humano é importante viver em um ambiente amoroso, com dialogo franco e honesto.”, diz a Doutora. Por outro lado, da mesma forma que o número de divórcios segue alto, é muito comum que os pais tentem refazer e seguir suas vidas, dando inicio a novos relacionamentos.
Quando isso acontece também é necessário uma certa dose de cuidado, tanto para o pai ou mãe biológicos quanto do padrasto ou madrasta. Os pais biológicos sempre serão os legítimos e por mais que o novo elemento familiar seja muito bom para a criança, é necessário que sempre exista um respeito nesse sentido.
De qual forma? Nunca falando mal do pai ou mãe biológico, ajudando quando for solicitado, nunca tentando substituir de forma forçada os pais biológicos. Isso acontecerá naturalmente, as crianças de forma gradativa irão começar a entender esse processo. Em outras situações é até comum que para compensar a ausência dos pais, a criança acabe elegendo um tio ou avó para isso.
Existem passos a serem seguidos antes de partir para ajuda profissional, como explica a Dra. Ceneide Cerveny. ‘‘Antes de procurar ajuda psicológica para a criança acho importante orientar os pais que vão se separar e fazer um trabalho preventivo para evitar que a criança se torne “o doente” da família. dependendo da idade essas crianças podem participar de uma reunião familiar com especialista para falar sobre a decisão da separação’’ finaliza a doutora.